Page 8 - Universidade-preconceito
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FÓRUM ABERTURA




que é difícil, é machista, é homofóbica, é transfó- tra na universidade?”. E dispara: “Como funcioná-
bica, e mesmo assim temos de lembrar que não rio”. Continuando seu raciocínio, disse que “essas
somos imunes ao preconceito”, disse. Ele prosse- políticas de ação afirmativa vão se estabelecendo
guiu reforçando que preconceito, intolerância e no corte étnico-social, e essa leitura faz a diferença
humanização são cruciais para qualquer profissio- na prática”. Segundo ele, a extensão universitária
nal da saúde. vem resgatar aquilo que, infelizmente, a maioria
não teve a opção de desenvolver no Ensino Médio e
HED FERRI no Fundamental II, passando a ter um contato mais

próximo com o diferente, com o outro que não é da
mesma escola, que não estudou, que não frequenta
o mesmo shopping center, as mesmas baladas, que
não frequenta a mesma estação de esqui, que não
frequentou o mesmo resort, ou seja, conhecer a
realidade do outro.

HED FERRI
Prof. Dr. Eduardo Dias de Souza Ferreira é Promotor
de Justiça da Infância e da Juventude, Doutor e
mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP

Nessa linha, o Prof. Dr. Eduardo Dias de Souza
Ferreira, Promotor de Justiça da Infância e da Juven-
tude, doutor e mestre em Direito das Relações So-
ciais pela PUC-SP, complementou: “A regra de ouro
é tratar os outros como você gostaria de ser tratado,
Profa. Izabel Cristina Rios é Médica e Doutora em
sem qualquer distinção de credo, sexo, cor, idade e Ciências pela FMUSP e Coordenadora do Núcleo
de orientação religiosa”. Técnico e Científico de Humanização do HC e do Grupo
Ele relata que, “de acordo com o Plano Nacio- de Trabalho de Humanização da FMUSP
nal de Direitos Humanos de Educação, pelos dados Fechando os debates, a Professora Doutora
que foram dados pelo professor, pegando como Izabel Cristina Rios, Coordenadora do Núcleo Téc-
exemplo a questão do negro, do homossexual, se nico e Científico de Humanização do HCFMUSP e
este for bem nascido, ele pode ser promotor, pro- do Grupo de Trabalho de Humanização da FMUSP,
fessor universitário. Mas se for pobre, muito prova- falou sobre a ética na humanização da saúde. Ela
velmente o que sobrou para ele no mercado de tra- contextualizou que “temos hoje como realidade
balho é o comércio do próprio corpo”. E resume: uma hipertrofia do eu frente ao coletivo, uma
“Por isso que 95% das travestis são homossexuais”. maior importância do ‘eu sou mais eu’, ‘eu faço’,
Em seguida, pergunta à plateia: “Como o negro en- ‘eu aconteço’, e o coletivo está a meu serviço, e não


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