Page 3 - Universidade-mulher
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FÓRUMUM A
PALESTRANTE xBERTURA


que tem de ser feito aos poucos, mas nós estamos de marcada inferioridade do ponto de vista jurídico,
saindo na frente e estamos à disposição da reitoria, social, profissional, cultural, político... Isso era per-
da Secretaria da Mulher, da Universidade, para co- manentemente aceito, até que vozes pioneiras,
laborarmos com tudo que for necessário para que muitas delas presentes hoje nesta Faculdade, resol-
isso seja levado em frente”, afirmou. veram enfrentar o problema. Com a bandeira dos
Segundo o Diretor da FMUSP, uma área está direitos humanos, a situação no Brasil começou a
sendo reformada para acolher o núcleo de Direitos se transformar, e, sem dúvida, se modificou. Não
Humanos, que vai receber acolhimento médico e é a ideal ainda. Há muita desigualdade no acesso às
social, e a ouvidoria. O local estará aberto para que oportunidades, mas percorremos um longo cami-
todos os alunos e funcionários possam levar suas nho. Não a ponto de se esperar celebração, mas de
demandas, seus problemas e também, se necessá- mostrar que a luta, a discussão, o diálogo, a obstina-
rio, denúncias de violência. “É fundamental que o ção acabam por trazer resultados e produzir trans-
estudante de Medicina seja imbuído do princípio formações”, afirmou.
da defesa do ser humano em sua integralidade. A Para ele, se tivesse havido um conformismo da
Faculdade de Medicina abre suas portas a todos parte das mulheres, a situação seria a mesma da-
neste debate porque, em sua trajetória, os alunos quela que o Brasil vivia 30 anos atrás. “Felizmente,
serão o futuro. Serão docentes, médicos daqui ou porém, houve um rechaço a essas desigualdades e
de fora, mas têm que levar junto essa cultura e dis- preconceitos, sobretudo da parte das mulheres, e a
seminar isso em seus meios. O currículo moderno situação hoje é diferente. Mas isso é um processo,
pressupõe que o profissional de saúde seja uma como toda a questão dos direitos humanos, nunca
liderança não só em conhecimento técnico, mas há a última conquista. Sempre a penúltima. A luta
também em princípios – e isso faz parte da forma- é praticamente permanente.”
ção de vocês”, concluiu. O Prof. Dr. José Gregori acredita que discussões
O ex-ministro dos Direitos Humanos e atual mais pontuais sobre o tema são fundamentais para
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da garantir novas conquistas. “Atos como este, que fo-
USP, Prof. Dr. José Gregori, demonstrou sua satis- cam em um tema um pouco mais particularizado
fação diante da realização do encontro, destacando – a violência na Universidade, em um setor cultural
a importância de se discutir o tema e os avanços – me parecem extremamente importantes. Porque
que vêm sendo conquistados. “Eu coloquei como este é um problema que tem de estar sempre em
um dos meus objetivos de vida lutar pelos direitos observação para que as deficiências, que ainda são
humanos – e a emancipação da mulher, a não dis- grandes, sejam corrigidas. Eu creio nesse sistema
criminação de gênero, é uma das colunas mestras de luta persistente, porque vi produzir resultados.
dessa luta. Eu pude acompanhar nas últimas déca- Sei onde estávamos na minha geração, e sei hoje,
das o quanto a situação desse setor se transformou no outono da vida, onde estamos: há uma estrada
no Brasil. Há 30 anos, a mulher tinha uma posição que foi aberta e percorrida.”



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