Page 3 - universidade-alcool
P. 3









FÓR
FÓRUMUM A
PALESTRANTE XBERTURA
Márcio Elias Rosa, Procurador de Justiça do Ministé- VISÃO MULTIDISCIPLINAR: O Dr. Nalini observou
rio Público de São Paulo, acrescentou sua avaliação que, até pouco tempo atrás, tínhamos uma crimi-
durante a abertura do fórum. “Parece haver no Brasil nalidade quase idílica, com batedores de carteira,
uma tendência a imaginar que a Justiça é capaz de estelionatários e até contos romantizados, como
resolver as mazelas da sociedade civil. Então, nos são as histórias envolvendo o ladrão Gino Meneghetti,
apresentados conf itos originários da convivência so- um criminoso italiano radicado no Brasil, apelida-
cial e da incapacidade histórica do Estado Brasileiro do pela imprensa da primeira metade do século XX
de desenvolver boas políticas públicas”, af rmou. de “gato do telhado” ou “bom ladrão”. “De repen-
O Dr. Rosa prosseguiu sua fala af rmando que te, verif camos que a droga ocupa toda a crimina-
prof ssionais do Direito, como Magistrados, Pro- lidade. Quase não há crime hoje, que não envolva
motores e Ministros da Justiça são reféns, não ape- algum tipo de entorpecente”, af rmou.
nas do que está escrito na lei, mas da interpretação Para f nalizar sua ref exão, o Dr. Nalini concor-
dela. “Não há investimento sério, nem planejamen- dou com a tese apresentada anteriormente pelo
to. Por isso, muitas vezes, mazelas que são localiza- Procurador de Justiça, o Dr. Rosa. “Nós somos
das af oram dramas para os quais se buscam solu- muito pródigos em editar normas, acreditando que
ções nos corredores dos fóruns”, opinou. a lei modif cará alguma coisa. Sempre se viu a so-
O Presidente do Tribunal de Justiça de São Pau- ciedade modif car leis, mas nunca se viu a lei modi-
lo, o Doutor José Renato Nalini, esquentou o deba- f car a sociedade”.
te, realçando que “esse evento que discute o uso de Ainda sobre a tese defendida pelos representan-
álcool e de substâncias psicoativas é muito impor- tes da Justiça, a questão do consumo de álcool e
tante, porque não distingue entre o que é lícito e o substâncias psicoativas deve ser pensada a partir de
que é ilícito”. Ele acrescentou que não se trata de conhecimentos científ cos. “Enquanto a sociedade
uma opção política. “No início do século passado, a brasileira entregar para o Ministério Público ou
cocaína era servida como um incremento para que para o Judiciário a resolução desse problema, va-
as pessoas se sentissem melhor em festas. Hoje, a mos continuar fomentando a judicialização”, af r-
opção política é vetar essa substância. É importan- mou o Dr. Márcio Elias Rosa.
te que ref itamos a respeito de qual é o parâmetro Para o Diretor do Centro Acadêmico Oswaldo
para tornar algo ilícito ou lícito”. Cruz e Diretor Social de Políticas Externas, Caio
Feola, com esse evento é esperada uma mudança
na abordagem proibicionista do álcool. Ele acredita
que a experiência multidisciplinar é muito valiosa
no Fórum, uma vez que os olhares da sociologia,
antropologia, psicologia e medicina se encontram.
“Como Centro Acadêmico, temos a esperança de
que esta iniciativa e todas as ações que partam dela,
possam embasar nosso discurso, e com isso, consi-
Dr. José Renato Nalini


4
   1   2   3   4   5   6   7   8